As pessoas passam
Feito um furação
Que devasta tudo sem culpa
Recompor-se é mais que obrigação
As pessoas que passam
Deixam um rastro de poeira
Umas se infiltram nas veias
Outras são nuvens ligeiras
O horizonte que era nítido
Agora tem um quê de incerteza
O comodismo de reclamar
Dá lugar a probabilidade de não haver queixa
As pessoas continuam passando
Sem pedir permissão
Faz-nos empurrar a sujeira da pessoa anterior
Para debaixo do tapete da nossa razão
Borboletas traiçoeiras surgem
E pousam nas pessoas que estavam de passagem
Feito feitiço que transforma em ficar
O que é de partir
Novas pessoas finitam o
passar
Permanecem de...va...gar...
E vão ficando...
...com vontade de ancorar
O tempo não volta
Portanto, nada se repete
Nem o desperdício da vida
Ou incerteza do momento da morte
E isso é sorte
As pessoas que foram
Podem voltar
Em momentos distintos
Por razões improváveis
Ou motivos banais
Enquanto o tempo escassa
Devemos voar sem rumo
E virarmos poeira por onde passamos...