domingo, 1 de janeiro de 2017

Poeira

As pessoas passam
Feito um furação
Que devasta tudo sem culpa
Recompor-se é mais que obrigação

As pessoas que passam
Deixam um rastro de poeira
Umas se infiltram nas veias
Outras são nuvens ligeiras

O horizonte que era nítido
Agora tem um quê de incerteza
O comodismo de reclamar
Dá lugar a probabilidade de não haver queixa

As pessoas continuam passando
Sem pedir permissão
Faz-nos empurrar a sujeira da pessoa anterior
Para debaixo do tapete da nossa razão

Borboletas traiçoeiras surgem
E pousam nas pessoas que estavam de passagem
Feito feitiço que transforma em ficar
O que é de partir

Novas pessoas finitam o passar
Permanecem de...va...gar...
E vão ficando...
...com vontade de ancorar

O tempo não volta
Portanto, nada se repete
Nem o desperdício da vida
Ou incerteza do momento da morte

E isso é sorte

As pessoas que foram
Podem voltar
Em momentos distintos
Por razões improváveis
Ou motivos banais

Enquanto o tempo escassa
Devemos voar sem rumo
E virarmos poeira por onde passamos...