Tenho
a capacidade única de ser eu, no meu melhor e pior momento. Sei ser eu como
ninguém. Principalmente quando disfarço ser outro. Por isso tenho sido cada vez
mais indiferente quando alguém não entende o meu jeito ou minhas atitudes. Ou mesmo,
quando outros têm a certeza que eu estou sendo eu, quando estou sendo irônico. Eu
tenho sido pretensiosamente outro, mesmo contra minha vontade. Ora por não ter
certeza que alguém não me queria bem como eu sou, ora por não achar que deva me
dar por mim para quem me esconda o interesse. Sou vários em um. Não sei bem quando meus
eus confundem-se em mim e numa brincadeira heterônima batizam-se com outros
nomes para dar vozes às personalidades tão distintas. Sou de vários e de
nenhum. De vários momentos, vários pensamentos e vários tanto faz. Tenho
certeza que tudo vale o esforço agora que já passou essa vontade de ter tudo que
não tenho mais certeza de nada. E não quero nada além de mim ao meu lado. Ouço mais.
Digo cada vez menos de mim para àqueles que nada demonstram vontade em querer o meu eu
mais eu. E fico volúvel. Invento interesses e depois me interesso por eles.
Pelas pessoas. As quero perto e longe. Manter contato e saudade. Esquecer para
lembrar. Ter para não ter. Ser de mim para ser do outro. Ser eu para querer ser
mais outros em um só.
domingo, 24 de julho de 2016
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